sexta-feira, 26 de março de 2010

Caso Isabela
Cembranelli defendeu que Alexandre e Anna Jatobá eram "os únicos presentes no apartamento" quando Isabella foi jogada, em 29 de março de 2008, e que "não há outra possibilidade possível" para a morte da menina do que eles a terem assassinado.

De forma irônica, disse que, para acreditar que foi uma terceira pessoa que cometeu o crime, os jurados teriam que concordar que o provável bandido “pegou a menina, deu uma passeada pelo apartamento para pingar bastante sangue, depois esganou, cortou a tela de proteção, devolveu a tesoura para a cozinha, subiu na cama descalço porque o sapato era compatível com o de Alexandre. Então, ele jogou a menina pela janela para alertar a todos. Depois, num gesto de solidariedade, porque o apartamento era muito bagunçado, apagou as manchas de sangue no chão e ainda colocou a fralda para lavar. Antes de sair, lembrou de apagar a luz”.

Arquivo/AE

Promotor Francisco Cembranelli

A afirmação provocou irritação dos assistentes de defesa, que a todo momento faziam comentários na plateia.

“Acredito que um algoz poderia até asfixiar, mas colocaria Isabella de volta na cama para não chamar a atenção, não jogaria pela janela para alertar a todos e a polícia. Os pais só veriam que ela estava morta no dia seguinte”, afirmou.

Segundo Cembranelli, é “impossível” negar que houve asfixia. “A perícia provou pelas lesões, posição da língua, unhas roxas”.

Cembranelli fez a defesa de sua tesa por duas horas e trinta minutos nesta sexta-feira. A sentença para o casal Nardoni será dada pelo juiz Mauricio Fossen na madrugada deste sábado. O julgamento é realizado desde segunda-feira no Fórum de Santana, zona norte de São Paulo.
Pastor
Adenildo chegou ao fórum por volta do meio-dia. Com um evangelho na mão, iniciou sua pregação. "Quem nunca errou? Apontem aqui quem nunca cometeu um erro na vida. Pode ter até algum ladrão aqui nessa multidão pedindo justiça."

No início, os manifestantes apenas observavam espantados a coragem do pastor de defender o casal, mas aos poucos passaram do espanto para hostilidade e agressões físicas.

Ster Silvano Filante, que trabalha como acompanhante de idosos, mas está na porta do fórum desde segunda-feira, grudou com as duas mãos na lapela do terno do pastor e passou a ameaçá-lo. O gesto dela desencadeou uma onda de agressões por parte de outros manifestantes. O carroceiro Evanderson dos Santos jogou um copo de água em Adenildo.

Uma turma de cerca de 20 pessoas começou a empurrá-lo e persegui-lo para longe do fórum. A polícia demorou agir e, quando chegou ao local, se limitou a tentar tirar Adenildo daquela situação. Em momento algum tomou qualquer atitude contra os agressores – a exemplo do que já tinha feito com advogado e o operador de telemarketing. As hostilidades só pararam quando o pastor foi levado para dentro do quartel da PM que fica atrás do fórum

"Eu não queria agredir. Só queria que ele me ouvisse, mas ele se recusava a me ouvir", justificou Ster. "Esse cara vem aqui dizer que Deus perdoa, ninguém aqui quer o perdão de Deus. A gente quer cadeia para os assassinos. Para mim, ele deve ter recebido alguma coisa dos Nardoni", acusou Evanderson.

Além de pedir a punição do casal Nardoni, os manifestantes aproveitam o julgamento para defender causas como redução da maioridade penal, adoção da prisão perpétua e a pena de morte.

Desidratação

O artista plástico Israel de Jesus, conhecido como Tesourinha e autor de inúmeros grafites no centro da cidade, passou mal e foi levado para o hospital da Vila Nova Cachoeirinha com quadro de desidratação.

Tesourinha estava na porta do fórum desde segunda-feira. Ele passou as noites na calçada e, segundo policiais que o atenderam, não comia nada desde quinta-feira à tarde.